Confira abaixo o cenário projetado quanto a Dom Pedrito
A projeção representa a estimativa da disseminação do SARS-CoV-2 em Dom Pedrito. Ela parte do pressuposto da existência de transmissão comunitária fora do controle do poder público. Nossas variáveis contemplam: crescimento diário da disseminação do SARS-CoV-2; porte do município (população e densidade demográfica); média de dias de hospitalização; proporção de pacientes que necessitarão de UTI; probabilidade de dias na UTI; quantidade de pacientes com a necessidade de utilizar ventiladores; a utilização de ventiladores por cada paciente (em dias) e a quantidade de óbitos após a internação.
Dom Pedrito possui população estimada em 38.898 habitantes com densidade demográfica próxima a 7 hab/km²1 . A baixa densidade demográfica do município, comparada com a de grandes cidades como Porto Alegre (2.837,53 hab/km²) é fator que indica menor propagação do SARSCoV-2. Com relação a faixa etária da população, vale salientar que quase 20% dos moradores de Dom Pedrito têm 60 anos ou mais. Dessa forma, enquadram-se no grupo de risco para Covid-19. Dom Pedrito se encontra na 7ª Coordenadoria de Saúde - Pampa que é composta pelos seguintes municípios: Aceguá; Bagé; Candiota; Dom Pedrito; Hulha Negra e Lavras do Sul. A região possui quase 200 mil habitantes.
A partir da incidência de transmissão comunitária, fugindo do controle do poder público, estima-se três meses de onda epidêmica com mais de 70 pessoas requisitando internação hospitalar nesse período. Poderá haver déficit no número de ventiladores e a necessidade de duplicar os leitos de UTI para pacientes do município. Na ausência de medidas efetivas, a ampliação dos casos poderá levar ao estrangulamento do serviço público de saúde do município.
Número de novas internações por semana (com a ausência de intervenções)
Os números acima partem de uma eventual transmissão comunitária no município.
• Os dados representam a quantidade de pacientes que, em um ciclo de doze semanas, demandarão internamento em cada semana.
• O melhor cenário aponta que, no auge da epidemia (Semanas 5, 6, 7 e 8), teríamos 4 indivíduos necessitando de internação em decorrência da Covid-19. Com relação ao número de óbitos, caso haja falta de atenção às medidas de controle, é provável que se tenha próximo de 30 óbitos em três meses de surto.
• É preciso ainda salientar que alguns fatores podem contribuir para piorar esse quadro como, por exemplo, o clima, a possibilidade de que leitos venham a ser ocupados com outras enfermidades, demandas da população vizinha ao município, limitação de capital humano e UTIs disponíveis para o município.
A metodologia do estudo adotou como base o modelo proposto pelo Imperial College London e pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) do governo dos EUA. Como já dito, nesse estudo, consideramos a média de pessoas que irão requisitar a utilização de UTIs e ventiladores e a quantidade desses equipamentos no município2 como, também, a proporção de pessoas que morrem após a internação com Covid-19. É sabido que nem todos os casos precisam de internamento. Por fim, é necessário salientar que os dados acima refletem possível demanda do serviço público de saúde do município apenas na ocorrência de eventual transmissão comunitária em Dom Pedrito sem a presença de medidas efetivas de combate à epidemia.
Prof. Dr. Thiago Sampaio Professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e-mail: thiagosampaio@unipampa.edu.br Cientista Político Mestre em Ciência Política (UnB) Doutor em Ciência Política (UFMG) Pós-doutor em Ciência Política (UFRGS)
O estudo desenvolvido pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Unipampa – Campus São Borja, Thiago Sampaio, representa uma estimativa para o vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus) considerando as estruturas municipais, as ações de vigilância e isolamento.
A pesquisa mostra o cenário provável, bem como, o melhor e o pior cenário, considerando a existência de transmissão comunitária e caso não haja intervenções do poder público como, por exemplo, as medidas de distanciamento social. “Partimos do pressuposto que a onda epidêmica durará em torno de doze semanas, definimos a proporção de pessoas que irão ser infectadas. Diferentemente do que é sugerido por alguns, nem todos serão infectados nesse primeiro ciclo. A nossa projeção varia de 15% a 25% da população sendo acometida pela Covid-19 desde o seu estabelecimento no município até o efetivo controle”, afirma o pesquisador.
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