Um olhar à memória: tomado de goteiras e infiltrações, Museu Paulo Firpo carece de reforma

 


Responsável por preservar a memória não apenas de Dom Pedrito, mas da região, o Museu Paulo Firpo atravessa um momento delicado: algumas paredes, antes cobertas por quadros, hoje se encontram vazias, já que o espaço enfrenta sérios problemas de infiltração e goteiras, o que atrapalha seu pleno funcionamento e impede a exposição de peças históricas pela preocupação com os danos que podem ser causados no acervo em caso de contato com a água ou umidade – como já aconteceu em meio a uma exposição, resultando na interdição de uma das salas principais do espaço.

A abertura do Ano Museológico, por exemplo, que tradicionalmente ocorria na última semana de março, há pelo menos dois anos não é realizada na sede do museu, assim como os demais eventos que costumavam movimentar o local – como o lançamento de livros, exposições de arte e saraus – que foram paralisados nos últimos tempos. As condições comprometedoras da estrutura física do casarão acabam tornando algumas áreas inutilizáveis, reduzindo o espaço disponível para a realização das mostras e prejudicando a experiência dos visitantes.

Outro problema enfrentado pelo Museu Paulo Firpo é a falta de recursos humanos. Atualmente, além do museólogo Adilson Nunes de Oliveira, que dirige o espaço há mais de três décadas, o local conta com apenas uma funcionária, responsável pelos serviços gerais. A equipe reduzida acaba acumulando serviços e, consequentemente, enfrentando desvios de função.

A falta de pessoal faz com que a equipe acabe se limitando ao trabalho interno no acervo. Ainda assim, o diretor do Museu Paulo Firpo afirma que está planejando ao menos uma exposição para este ano. Entretanto, a mostra deverá ser realizada fora das dependências do museu – o que expõe a necessidade de um olhar atento para o local.

Em conversa com a reportagem do Folha, o museólogo e professor Adilson Nunes de Oliveira ressaltou que há muitos anos o Museu Paulo Firpo não passa por reformas. A última grande obra ocorreu na gestão de Francisco Alves Dias, o Chiquinho, quando foi construído o anexo aos fundos da entidade, que hoje abriga o acervo completo e toda a parte administrativa da instituição.

Projeto

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação, Cultura e Turismo, Marco Antônio Rodrigues, o Executivo já se movimenta para atender as demandas e oferecer melhorias ao espaço. “É uma casa muito antiga, que precisa de uma reforma. A ideia inicial é derrubarmos essa casa velha e fazermos um prédio novo, mantendo apenas a fachada e a parte dos fundos, que é recente, da época do prefeito Chiquinho”, diz. A ideia havia sido proposta no ano passado pela atual vice-prefeita, Luciane Moura, quando ela ainda estava à frente da Secretaria do Planejamento.

Rodrigues ressalta que na manhã de quinta-feira (20), esteve em uma reunião junto à Secretaria do Planejamento, Gestão Estratégica e Meio Ambiente tratando sobre a importância da realização da obra. Ele salienta que, em breve, haverá uma reunião com os engenheiros e arquitetos do município para dar início ao projeto de reconstrução do Museu Paulo Firpo. O secretário também afirmou que solicitará, nos próximos dias, que seja feita uma manutenção no telhado para minimizar o impacto das goteiras.

Apesar de histórico, o prédio não é tombado, o que facilita intervenções como a que será proposta pelo município.

O casarão

Erguido em 1902, o prédio que hoje abriga o Museu Paulo Firpo foi, inicialmente, moradia da família Caminha. Em 1904 a residência foi adquirida pelo casal Constantino e Rosalina Louzada, que ali estabeleceram um comércio que fabricava e consertava calçados. Oito anos depois, em 1912, Henrique Arnaldo de Castilhos instalou uma escola particular no prédio. Entre 1926 e 1927, o espaço sediou o Lyceu Pedritense e a Casa de Saúde, ambos sob a direção de Tello Gonçalves.

No período de 1944 a 1947, a professora Heloisa Louzada utilizou o local para dar aulas particulares. Depois, o espaço passou a ser utilizado como um anexo do então Hotel Central, até que voltou a ser propriedade da família Louzada. Na década de 1960, o prédio foi adquirido extinto pelo Partido Libertador, e serviu como sede da Arena, do Centro Cívico Raul Pilla, da Banda Municipal e de uma escola de balé.

Em 1986, o Partido Libertador ofereceu o imóvel para servir de sede ao Museu Paulo Firpo, que ocupa o espaço desde outubro de 1987.

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